quarta-feira, 29 de julho de 2009

A compra de um celular

ANTIGAMENTE, NEM EM SONHO EXISTIA! Eu estava a dois passos do paraíso! Havia tempos que planejava conhecer um certo parque, a oportunidade surgiu assim, sem planejamentos.Era uma oportunidade única,faríamos um pic- nic! Foi aí que me lembrei que meu celular estava há quinze dias na assistência técnica.Apavorei-me! Como me comunicaria? Me culpei por ser tão “conservadora”!Pôxa!! Eu acreditava que seria consertado rapidamente.Mas foi uma visita,nada! Um telefonema...a informação de que eu teria que procurar uma autorizada. Pois bem! Eu tentaria! Outra visita...Agora pra pegar o aparelho...Portas fechadas!!! Um telefonema...Desânimo total! Eu pegaria o dito cujo, na segunda.Pois bem! Isso já não mais me interessava. O pic-nic aconteceria na terça...Opção? Comprar um aparelho novo! Claro!Digo... vivo. Era quarta-feira, tarde, eu trabalharia até a noite e não teria tempo pra resolver compras neste dia. Ficaria para quinta. Na quinta, minha sogra chegou em casa cedo, é uma senhora que precisa de cuidados...Prendeu-me até o sábado a noite. Marido convida-me a ir levar a véia em casa, e diz que na volta passaríamos no shoping. Por pouco desistiu de passar! Diante de minhas caras e bicos, passou...Escolhi o aparelho...Documentos, moça! Na minha bolsa tinha um pacote de balas, cartão de banco e dinheiro. Domingo cedo,volto ao shoping,agora sozinha.Encontrei a loja fechada...Que coisa! O pessoal da limpeza se mostrava através das portas de vidro...Cheguei bem perto, feito cachorro em televisão de frango de padaria! Gesticulei, mostrei o relógio.A anta babante lá dentro, não entendeu o que eu tava perguntando, mas cordialmente abriu a porta,eu me adiantei perguntando “oralmente” que horas abririam a loja. O moço disse que logo, e se eu desejaria alguma coisa. Eu queria explodir! Como assim? Eu quero um celular! Deu vontade de dizer que não queria jaca, mas tudo bem. Obedeci a dica do cara, fui dar umas voltinhas pelas outras lojas...Na hora marcada, lá estava eu! Escolhi um aparelho, eu só precisava de alguma coisa que falasse, mas era até bonitinho. Documentos pra cá, conversas pra lá, número, aparelho. Tudo certo.Ufa! A moça me pergunta a forma de pagamento. Dinheiro! Bem Senhora, Estamos sem sistema, a senhora leva o aparelho pra casa, mais tarde a gente faz a transação da linha. Opa!! Beleza! Dê- me a nota fiscal... Não tem! Um recibo... Também não! Xau! Obrigada! Não posso sair de uma loja com uma mercadoria , sem nota. Eu já havia perdido umas duas horas, tentaria comprar em outro lugar... Fui lá no supermercado, tinha um pessoal atendendo só a parte de celulares. Expliquei metade da história, comprei! Moça...a operadora está fora de sistema...a senhora vai pra casa...lá pelas dez da noite a transação será feita,se não, amanhã cedo, certamente. A “obra” estava feita! Eu agora pelo menos tinha em mãos a minha nota fiscal. Em casa liguei o dito cujo...Música tinha, fone de ouvido também! SEGUNDA- FEIRA Vou trabalhar. Hora em hora, consulto a “obra”, nada! Aquilo foi me irritando tanto! Pedi pra sair mais cedo, afinal, eu teria que passar pra pegar o aparelho velho e depois ir reclamar a falta de função do novo. Assistência técnica fechada. Ah! Eu não precisava daquele aparelho mesmo! Se eu disser que neste dia eu levei uma bolsa nova que me tirava o equilíbrio, vocês começarão ter dó de mim, então é melhor que eu também não comente a sacola de bolos e pães que ganhei, e que o ônibus estava lotadíssimo. Desci no ponto do shoping. A moça do mercado me diz pra eu ir até a loja da operadora,pois lá ela não daria jeito. Lá na dita loja, disseram-me que estavam sem sistema, sem previsão de volta. Fora da loja, minha vontade era jogar fora aquelas sacolas, inclusive o aparelho! Mas antes eu teria que raspar a cabeça e tirar a roupa! Eu sentia que meu cabelo ganhava um centímetro a cada minuto(pra cima) e o tecido da roupa parecia feito de urtiga. Respirei. Passei em uma loja de outra operadora, com sorte eu colocaria um chip novo naquele aparelho. O aparelho é observado, informam-me que trata-se de um aparelho bloqueado, mas que se eu levar na operadora e desbloquear... Volto na loja. Desbloquear, só após às dezesseis e trinta. Eram quinze e quarenta e cinco. Ah!! Vou me livrar primeiro do que está me incomodando! Vou pra casa. Me livro de metade das coisas. Volto. Outro atendente: Esse aparelho não dá pra desbloquear. A vontade que sinto é de estourar o aparelho na cara de um, mas infelizmente eu ainda não tenho grau superior completo. Vou comprar na outra operadora... Vou comprar? E esse? Faço o quê com ele? Ah não! Primeiro vou pegar meu dinheiro de volta. Não será preciso detalhar aqui tudo que se passou, pois ninguém tem balde suficiente pra acompanhar uma saga dessas! Só sei que após muita lábia da supervisora, superiora, sei lá o quê... MEU DINHEIRO! É isso que quero, celular sem funcionar, pra mim não interessa! RÁDIO, eu tenho em casa! Peguei meu dinheiro e voltei lá na operadora que havia me oferecido um até mais barato. Eu acho que estava tomada por algum espírito viciado em celular... A OUTRA O aparelho que eu havia escolhido, não tinha mais, a vendedora me mostrou outros que custavam os olhos da cara! Quando eu disse que não, ela veio com a velha história de facilidade de pagamento. Tive vontade de dizer pra ela um monte de desaforos, pois não sou compradora compulsiva! Bom, isso todo mundo já percebeu... Meu filho me prometeu emprestar o celular dele, mas quando soube da minha agenda, teve chilique! Eu disse A, ele entendeu B. Achou que eu estivesse indo pra algum antro de pecados...Chorei muito, não quis explicar-lhe... Consegui ligar pra Ternurinha... Cancelei o programa. UMA SEMANA DEPOIS Cá estou sem celular, vivendo apenas das lembranças da velha infância onde bastava amarrar uma linha em duas caixas de fósforo...De certa forma, nós também fazíamos parte da família Grahan Bell, já que nunca tínhamos visto um telefone de perto. Sábado, marido convida a ir ao shoping...Aproveita pra você comprar seu celular! Agora estou na loja certa! Senha na mão, passa-se umas duas horas, eu já devia ter ido encontrar meu marido,tinha-mos que viajar! Alguém chama uma senha:dezesseis!Senha dezesseis! A minha era vinte e cinco... Aproveitei o caminho até o carro pra fazer uma pequena maratona;correr sempre me tira o estresse, me desintoxica! Cheguei bem...Sem celular... Viajei. Casa de minha irmã, falta de assunto, conto toda essa história. Prometo pra todos e pra mim que a terça seria só pra resolver isso. DESESPERANÇA Segunda feira, mais um dia de trabalho, faculdade... Voltando do trabalho,pego o aparelho velho, devido a vistoria pela qual ele passou, parecia ter sido consertado,mas só funcionou por um momento, fiz uma ligação e fiquei sabendo que a linha já havia migrado daquele aparelho...Depois ele não funcionou mais. Chego em casa só o bagaço... Vou pra o computador..É mais um exercício que colabora com o meu bem está, o outro eu prefiro não comentar. Passo um e-mail, recebo resposta... e outro e mais outro... Descubro que perdi uma grande chance por falta do celular... Há essas altura...Só acreditando em destino mesmo!!! PEÇA PELO NÚMERO Terça- feira, acordo cedo. Mas não serei a primeira a entrar na loja, que é pra não causar ansiedade. Faço uma coisa e outra...Me apronto...Cabelo, batom, afinal... Numa mochila, coloco tudo que vou precisar: Livros, cadernos, canetas, lanche, água, absorvente higiênicos (nem me lembro qual dos choques acordou o monstro do mar vermelho...). Super tranqüila, chego na loja. Finjo escolher o aparelho...Pego a senha...Sentar no puf...Ah! Aí naum! Só era o que me faltava! Do jeito que o monstro chegou sem avisar...poderia muito bem atravessar fronteiras! Fiquei de pé mesmo... Uma pergunta: Pra quê aquele pacote enorme de absorventes na bolsa, se eu não poderia sair dali? Tem momento que a gente é obrigado a acreditar em reza! A minha senha era dezenove...eu não sei rezar, mas alguém deve ter rezado por mim... Pois eu ainda nem tinha lido uma página do primeiro livro e já ouvi chamar a senha dezessete... Senha dezenove! Era a minha! Comecei a relatar a minha história pra atendente... A senhora vai comprar esse aparelho? Sim!( eu havia decidido, que com sistema ou sem, eu compraria, nem que tivesse que esperar o resto da vida, pois por boas razões eu queria o mesmo número... Documentos! Sim! Hoje eu tinha tudo! Deu vontade de oferecer uma maçã pra moça... Faço perguntas:...se não der... Ela não me escuta... Senhora, já foi feita a transação... Ann!! Seu celular já está com linha! ...Você já sentiu vontade de dar um beijo na boca de alguém?